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14 de set. de 2009

Entrevista fictícia com Cecilia Meirelles

----Este é um trabalho escolar baseado na entrevistas que se baseia nas frases ditas por Cecília, e em base delas criadas perguntas, um trabalho escolar, que gostei de fazer, e que depois de aprovado pela professora, resolvi publicar. Todas as perguntas foram criadas em base da frase ja dita por ela. Foram feitas modificações minusculas as poucas frases para ter coerencia, mas que não auteram conteúdo.
Cecília além da poesia
Cecília Meirelles essa escritora de poemas tão tocantes, nos permite conhecê-la além de seus subjetivos versos.

Cecília Benevides de Carvalho Meireles é carioca nasceu em 7 de novembro de 1901, muito cedo e se tornou professora e depois uma das maiores poetizas do nosso país. Aos dezoito anos de idade publicou seu primeiro livro de poesias Espectro, e durante a sua vida publicou vários livros de poesia e também prosa, entre eles estão: Viagem, Romanceiro da Inconfidência, Olhinhos de Gato e Ou Isto ou Aquilo. Casou-se duas vezes e teve três filhas. Durante sua vida conheceu vários lugares do mundo, e a transitoriedade do tempo.
Nessa entrevista ela fala mais do que sobre sua vida e obra, compreenderemos quem ela é e como pensa a pessoa, a escritora e a professora Cecília. Que contribui tanto na literatura, arte e educação, nesse país.

Como foi sua infância?
Cecília Meireles - Nasci no Rio de Janeiro, três meses depois da morte de meu pai, e perdi minha mãe antes dos três anos. Não conheci meus irmãos, todos morreram antes de meu nascimento. Fui criada pela minha avó materna, D. Jacinta Garcia Benevides.
Tantas perdas e essas ausências. O que elas lhe trouxeram?
Cecília - As mortes ocorridas na família acarretaram muitos contratempos materiais, mas, ao mesmo tempo, me deram, desde pequenina, tal intimidade com a Morte que docemente aprendi essas relações entre o Efêmero e o Eterno.
Além disso, o que essas perdas lhe acarretaram, na infância?
Cecília - Na infância fui uma menina sozinha, e isso me deu duas coisas que parecem negativas, e foram sempre positivas para mim: silêncio e solidão, pois preciso deles para escrever.
Você perdeu muito cedo seus pais, mas também fez cedo sua família.
Cecília – Sim, casei com vinte anos. Tenho três filhas: Maria Elvira, Maria Matilde e Maria Fernanda. As três são bibliotecárias, mas a minha biblioteca não está fechada. Maria Fernanda é atriz. As três têm em comum uma bondade comovente, mas são de temperamentos completamente diferentes.

Por que você se tornou professora?
Cecília - Minha mãe tinha sido professora primária (a primeira professora a formar-se no Brasil) e eu gostava de estudar nos seus livros. Velhos livros de família que me seduziam muito. Assim como as partituras e livros de música.
Como você vê a educação?
Cecília - Educação, para mim, é botar, dentro do indivíduo, além do esqueleto de ossos que já possui uma estrutura de sentimentos, um esqueleto emocional. O entendimento na base do amor.
Você exerceu magistério por anos. Como deve ser em professor?
Cecília - O educador não é o burocrata que vai a escola como a uma repartição, limita a sua atividade de funcionário a meia dúzia de horas diárias e respeita o prestígio das autoridades: é a criatura construtora de liberdade e progressos harmoniosos que, vivendo no presente, está sempre investigando o futuro, porque é nesse futuro, povoado de promessas de vida melhor, que o destino de seus discípulos se deverão realizar com toda plenitude
E a escola?
Cecília - Prática da escola pode ser instruir: mas a sua finalidade deve ser educar. Tudo se encadeia nesta sucessão: instruir para educar, educar para viver, e viver para que? [A única realidade do homem é a realidade espiritual.]
Se importa muito com educação. Certo?
Cecília - A educação é uma causa que abraço com paixão assim como a poesia.
Você Viajou muito, tendo visitado, em diferentes oportunidades, Portugal, Estados Unidos, México, Uruguai, Argentina, Marrocos, entre outros países. O que todas essas viajem representaram para você?
Cecília - Cada lugar aonde chego é uma surpresa e uma maneira diferente de ver os homens e coisas. Viajar para mim nunca foi turismo. Jamais tirei fotografia de país exótico. Viagem é alongamento de horizonte humano. Tenho, nos lugares mais diferentes, amigos à minha espera. Você já reparou que, entre centenas, em cada país, nós temos sempre aquela pessoa, que, sem mesmo saber, espera por nós e, quando nos encontra, é para sempre? Por isso é que eu gosto tanto de viajar, visitar terras que ainda não vi e conhecer aquele amigo desconhecido que nem sabe que eu existo, mas que é meu irmão antes de o ser.
Como viajou tanto aprendeu muitos idiomas, e viu muitas culturas.
Cecília - Viagens, folclore e idiomas são uma espécie de constante em minha vida. Comprei livros e discos de hebraico. Estudei híndi, sânscrito. O desejo de ler Goethe no original me obrigou a estudar alemão. Não estudo idiomas para falar, mas para melhor penetrar a alma dos povos.
Por que tanto interesse pelos idiomas e pelo folclore?
Cecília - Através dos idiomas e do folclore vejo até que ponto somos todos filhos de Deus. A passagem do mundo mágico para o mundo lógico me encanta.
Que livros você leva em suas viagens?
Cecília - Só viajo com a Bíblia. Bíblia é uma biblioteca. Tem tudo: história, poesia, religião. Já disse que, se tivesse que escolher o meu livro para uma ilha deserta, levaria a Bíblia. Ou um dicionário.
O que são os seus livros, para você?
Cecília - Meus livros não são mais do que o desenrolar natural de uma vida encantada com todas as coisas, e mergulhada em solidão e silêncio tanto quanto possível.
O que você pretende como escritora?
Cecília - Acordar a criatura humana dessa espécie de sonambulismo em que tantos se deixam arrastar. Mostrar-lhes a vida em profundidade. Sem pretensão filosófica de salvação, mas por uma contemplação poética afetuosa e participante.
Como você como poeta descreveria a poesia?
Cecília - Poesia é grito, mas transfigurado.
O que para você, te faz ser uma escritora tão bem sucedida?
Cecília - Vivo constantemente com fome de acertar. Sempre quase digo o que quero. Para transmitir, preciso saber. Não posso arrancar tudo de mim mesma sempre. Por isso leio, estudo. Cultura, para mim, é emoção sempre nova. Posso passar anos sem pisar num cinema, mas não posso deixar de ler, deixar de ouvir minha música (prefiro a medieval), deixar de estudar, híndi ou o hebraico, compreende?
Você publicou vários livros entre eles uma biografia?
Cecília - Na verdade minhas memórias, Olhinhos de Gato, um pequeno livro de memórias que predomina uma narrativa de minha história quando criança e adolescente.
Dentre seus livros o Romanceiro da Inconfidência, esse livro que julgo ser ao mesmo tempo épico e dramático, nos faz viajar a essa parte da história do país. Em fim, por que você escreveu esse livro?
Cecília - Muitas vezes me perguntei por que não teria existido um escritor do século 18 – e houve tantos, em Minas! - que pusesse por escrito essa grandiosa e comovente história. Mas hoje posso entender porque isso não aconteceu, principalmente de levarmos em conta a importância do traumatismo provocado por um episodio desse, em tempos de duros castigos, severas perseguições, lutas sangrentas pela transformação do mundo, em grande parte estruturada por instituições secretas, de invioláveis arquivos. Também muitas vezes me pergunte se devia obedecer a esse apelo dos meus fantasmas, e tomar o encargo de narra a estranha história de que haviam participado e de que me obrigaram a participar também, tanto anos depois, de modo diferente, porém, com a mesma, ou talvez maior intensidade.
O “Romanceiro” conta várias histórias contando uma. Você escolheu um ângulo exclusivo para escrevê-lo?
Cecília - O “Romanceiro” não julga. Ele é apenas um convite á reflexão. Todas as páginas mantêm esse desejo de equilíbrio – narrar o que foi ouvido nestes ares de Minas, especialmente em Ouro preto, cheia de ressonância incansáveis – e aponta nessa interminável confidencia o que lhe dá eternidade, o que não é somente uma palavra ocasional, local, circunstancial-, mas uma palavra de violenta seiva, atuante em qualquer tempo, desde que interpretadora, como ontem os oráculos e a sibilas.
Para você o que é um escritor?
Cecília - O escritor é a pessoa que diz o que muitos sentem e não sabem expressá-lo. Nossa responsabilidade é de dizer essas coisas com clareza. E há, também, essas coisas que nem todas as pessoas sentem, mas que o escritor ensina a sentir.
Por que do seu jeito meio esquivo?
Cecília - Esse meu jeito esquivo é porque acho que cada ser humano é sagrado, compreende? É esse pudor de invadir, esse medo do perto. Eu sou uma criatura de longe.
O que mais marca a personalidade de Cecília Meireles?
Cecília - Em toda a vida, nunca me esforcei por ganhar nem me espantei por perder. A noção ou o sentimento da transitoriedade de tudo é o fundamento mesmo da minha personalidade.

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